terça-feira, 20 de outubro de 2015


O JESUS FABRICADO

Não há mais duvidas em que passados mais de dois mil anos em nosso calendário exista várias de várias "versões" de Jesus Cristo.
Não há mais duvidas em que passados mais de dois mil anos em nosso calendário exista várias de várias leituras sobre o "tal" Jesus Cristo.
Também não há duvidas em que passados mais de dois mil anos em nosso calendário as várias de várias religiões criadas ao longo do tempo foram criando,recriando e fabricando esta figura que muitas delas o chamam de figura: Histórica, Humana e até mesmo Divina.
A partir das muitas leituras, das muitas versões e porque não dizer das muitas interpretações não há como não dizer e afirmar que Jesus foi fabricado (forjado), e vou tentar percorrer esta ideia nesta pequena reflexão e compreender melhor o que pode estar dizendo esta afirmação.

1) Foi fabricado um Jesus pregado numa cruz cuja expressão é de intensa e imensa tristeza inerte à vida e a existência humana.
2) Foi fabricado um Jesus que desceu da cruz e foi embora deste mundo sem se importar com mais nada e ninguém.
3) Foi fabricado um Jesus que ama tão somente os religiosos que carregam sobre si mesmos todas as obrigações e compensações da religião.
4) Foi criado um Jesus que passou a dar dinheiro e vida próspera aos fiéis que também passaram a fazer próspera a religião 
5) Foi criado um Jesus que passou a dar uma "salvação" pessoal e intransferível a todos aquele que se batizarem e serem fiéis dizimistas desta causa que afirmam ser a causa de Deus
 6) Foi criado um Jesus que dá preferência exclusiva aos "bondosos" participantes das reuniões religiosas sem qualquer sentido ou razão de existir.
7) Foi criado um Jesus "gospel" dos grandes shows e eventos musicais que enriquecem alguns poucos homens e mulheres sem qualquer consciência do Evangelho
8) Foi criado um Jesus que traduzindo quer dizer "dinheiro" onde muitos dos líderes da religião institucionalizada enriquecem cada dia mais e a pobreza assola o povo cada dia mais.
9) Foi criado um Jesus apenas profeta de uma causa "impossível" que não dá para imitar porque afinal de contas somente Ele poderia dar conta.
10) Foi criado um Jesus que não tem olhar para os pobres e oprimidos porque afinal de contas as pessoas estão na situação que estão porque não se esforçaram na vida por serem pessoas bem sucedidas
Há muitos outros modelos de Jesus criado e fabricado, há também sempre o perigo de o tornarmos conveniente às nossas preferências religiosas, o que não se pode fabricar é um Jesus Filho de Deus cujo amor transborda até a mais profunda alma, cujo coração é sempre e tão somente Misericórdia.


 ©2015Carlos Eduardo™i





quarta-feira, 14 de janeiro de 2015




O JESUS ERRADO


Meu “cristianismo” era, aquela velha religião de se esforçar, trabalhar e muito para a instituição, ser um homem politicamente correto, e ser um apologista fervoroso, esperando que Deus talvez me dissesse um dia: “Bom garoto!”
Eu achava que se fizesse apenas coisas cristãs, teria paz na minha vida. Mas não funcionou.
Eu percebi que estava seguindo o Jesus “errado”; não que haja um Jesus “errado”, mas eu estava seguindo uma versão fake de Jesus. Demorei muito tempo para perceber isto, talvez uns 20 anos. Mas também aprendi algumas lições preciosas neste período.
Quando seguimos o Jesus “errado”, quase sempre nós julgamos, somos hipócritas e legalistas, ao mesmo tempo em que afirmamos seguir a um Jesus que perdoa, é autêntico e amoroso.
Quando seguimos o Jesus “errado”, distribuímos sopa aos pobres uma vez por ano e nos achamos o máximo por isso. A missão de Jesus relatada nos Evangelhos é muito mais ampla que o assistencialismo como vitrine para maximizar as receitas mensais da igreja evangélica.
Quando seguimos o Jesus “errado”, minimizamos a mensagem Bíblica para consumo público. O Jesus fake é mais seguro, pasteurizado e inofensivo. Jesus de Nazaré tinha uma mensagem radical, que muda a vida das pessoas de um modo integral. Hoje não dizemos às pessoas que elas necessitam de um Salvador, porque elas podem se zangar e parar de doar à igreja.
Quando seguimos o Jesus “errado”, (nosso inimigo agora é outro), nos entregamos às armadilhas do sistema, que é opressor, nos corrompe e nos faz vender a alma.
O Jesus "errado" dá voz para um mundo gospel da musicalidade toda voltada para dentro de umbigos que anunciam um deus dos "exércitos" que luta a causa daqueles que freqüentam e contribuem assiduamente nas reuniões da religião. Um deus da "vitória" que enche e preenche cestos de uma colheita totalmente estranha ao evangelho do Nazareno, uma colheita separada de toda solidariedade compassiva do evangelho de Cristo, uma colheita corrupta em sua raiz porque desconsidera o fato que Deus é amor, uma colheita egoísta e sórdida longe de todo espírito misericordioso e pacífico da vida do Deus encarnado, o Verbo que se fez homem e humanidade.
Quando seguimos o Jesus “errado”, todas as decisões que envolvem pessoas são tomadas em torno do deus Mamom. Aliás, bajulamos demais os ricos, sem levar em consideração que o dinheiro deles está sujo de arrogância, corrupção e exploração. Mas para Jesus de Nazaré existe uma lei que governa tudo: o amor.
O Jesus fake é uma marca. Este Jesus irreconhecível é o nosso plano de marketing. Nós abrimos igrejas, livrarias, criamos camisetas, pulseiras, adesivos de carro, tudo em nome deste Jesus. O cristianismo se tornou uma máquina financeira. Gosto da frase do filósofo contemporâneo Giorgio Agamben em uma entrevista onde afirma: “Deus não morreu, se tornou dinheiro.”
Quando andamos de mãos dadas com o Jesus “errado”, valorizamos mais a construção de um templo do que as pessoas que são templos do Espírito Santo.
Hoje ando de mãos dadas com um Jesus mais humano e menos Cristão. Um Jesus que é defensor das vítimas, aquele que convive com os pobres e acolhe os excluídos e combate a injustiça. O Jesus verdadeiro é amor para com os que sofrem e, precisamente por isso, é juízo contra toda injustiça que desumaniza e faz sofrer.
Não posso falar de religião sem citar Tiago: “Qualquer um que se considere “religioso” e fala demais está se enganando. Esse tipo de religião é mera conversa fiada. Religião de verdade, que agrada a Deus, o Pai, é esta: cuidem dos necessitados e desamparados que sofrem e não entrem no esquema de corrupção do mundo sem Deus.”
Minha oração sincera é que a Igreja Evangélica se converta a Jesus de Nazaré vivo e verdadeiro e se torne uma igreja que busca os “perdidos”. Uma igreja onde a mulher tenha voz. Uma igreja preocupada com a felicidade das pessoas, que acolhe, escuta e acompanha todos os que sofrem. Quero uma igreja de coração grande, assim como o coração do Pai.


© 2015 José Carlos Paes Landim e Carlos Eduardo Alves